Deus acordou sem saber exatamente o que havia acontecido. Estava na sua cama, como de costume, mas a memória lhe falhava em certos pontos borrados da noite anterior, de certo ponto pra frente não havia lembranças. Como era noite de ano novo e deus podia fazer tudo o que queria quando bem entendesse, já que mesmo tendo que trabalhar ele estava constantemente de férias, ele resolveu que iria passar a virada com os amigos, aproveitando o máximo poossível. Estava precisando afogar umas mágoas, ligar o controle automático e deixar a vida se levar. Foi por esse motivo que ele não sabia nem que dia era. Em teoria deveria ser dia mundial da paz, mas sua noção de tempo há muito havia desaparecido. "Não devia ter fumado aquele baseado"
Olhando para os lados buscando por pistas de quanto tempo havia se passado e de quanto precisamente ele realmente não se lembrava. Remexeu os bolsos e encontrou um papel com um número de telefone.
"Oh não, parece que aconteceu o pior". Começou a ficar um pouco desesperado, precisava de informações, mas ligar para um telefone aleatório parecia coisa de fundo do poço. Sentia dor nas costas mas não estava de ressaca, o que era surpreendente, já que ele se lembrava de ter bebido muito.
Olhando para os lados buscando por pistas de quanto tempo havia se passado e de quanto precisamente ele realmente não se lembrava. Remexeu os bolsos e encontrou um papel com um número de telefone.
"Oh não, parece que aconteceu o pior". Começou a ficar um pouco desesperado, precisava de informações, mas ligar para um telefone aleatório parecia coisa de fundo do poço. Sentia dor nas costas mas não estava de ressaca, o que era surpreendente, já que ele se lembrava de ter bebido muito.
Tinha resolvido por volta de nove horas da noite que ia correr atrás do prejuízo e saiu percorrendo muitos quilometros para juntar os amigos que queria, mas por ser deus ele conseguia driblar esses problemas com muita facilidade. Sem encontrar nenhuma outra pista do que tinha acontecido, ele resolveu apelar para o celular, mas não o encontrou.
Uma das ultimas coisas de que ele lembrava, era que de acordo com suas contas, ele não lembrava de mais nada depois da terceira garrafa de alguma coisa que ele bebia. Ele havia decidido que 3 garrafas seriam o limite de cada coisa. Ele resolveu economizar cerveja e como não gostava de whisky, começou por ele. Depois de tomar de 3 marcas diferentes, ele resolveu que a próxima bebia seria a vodka, por que dessa ele gostava e até burlou a regra dos 3 pra ela. Na terceira da bebida apagadora de memória ele já tinha tomado 8 garrafas de vodka. Na virada, ele estava na rua em algum lugar, com um garrafa de tequila na mão. Enquanto o céu explodia, as luzes pareciam escorrer na noite, durando muito mais tempo que o comum, assumindo formas estranhas. Não lembrava de quem estava com ele, mas nessa hora ele ainda tinha tinha consciência de algumas coisas.
Uma das ultimas coisas de que ele lembrava, era que de acordo com suas contas, ele não lembrava de mais nada depois da terceira garrafa de alguma coisa que ele bebia. Ele havia decidido que 3 garrafas seriam o limite de cada coisa. Ele resolveu economizar cerveja e como não gostava de whisky, começou por ele. Depois de tomar de 3 marcas diferentes, ele resolveu que a próxima bebia seria a vodka, por que dessa ele gostava e até burlou a regra dos 3 pra ela. Na terceira da bebida apagadora de memória ele já tinha tomado 8 garrafas de vodka. Na virada, ele estava na rua em algum lugar, com um garrafa de tequila na mão. Enquanto o céu explodia, as luzes pareciam escorrer na noite, durando muito mais tempo que o comum, assumindo formas estranhas. Não lembrava de quem estava com ele, mas nessa hora ele ainda tinha tinha consciência de algumas coisas.
"Ok", pensou deus, "eu sai de casa as nove, passei na casa do The Cash e tomamos as 3 garrafas de whisky, até aí tudo bem". Deus estava suando enquanto tentava se lembrar do que tinha acontecido, aos poucos ele juntaria as peças. "Depois a gente passou na casa do Felpudinho e fumamos o primeiro baseado". A memória estava começando a voltar aos poucos. "O J.C. apareceu com a galera estranha dele e a gente tomou muitos tipos de bebidas". Tudo parecia tão claro, ele já sabia o que havia acontecido, ele tinha tomado um doce, era isso que tinha feito tudo virar de cabeça pra baixo.
As dores nas costas pareciam aumentar ao passo que ele se sentia mais acordado e quando resolveu conferir o que havia acontecido ele quase caiu com o susto. Havia uma tatuagem enorme nas costas dele, com um texto enorme escrito em uma língua que ele não conhecia, o que era estranho, já que ele como deus deveria conhecer tudo. Aquilo foi a gota dágua, revirou o quarto procurando por qualquer indicio do que havia acontecido e encontrou uma marmota e um esquilo dentro do guarda roupa. Aquilo já estava ficando estranho demais. A marmota agarrava o esquilo como se ele fosse um ursinho de pelúcia, na porta do guarda roupa tinha um recado dizendo: "Esquilo não samba"
Debaixo da cama tinha vários sextoys que ele tinha quase certeza que não eram dele. No banheiro ele encontrou uma mulher seminua desmaiada na banheira, com o cabelo laranjado e azul e uma tatuagem recém feita de um esquilo na coxa esquerda. "O esquilo e os brinquedos debaixo da cama devem ser dela". Tentar acorda-lá foi perda de tempo, mas na tentativa ele encontrou o celular dentro da privada. Uma coisa a menos pra se preocupar. Depois de umas duas horas tentando acordar a guria, que bem podia estar morta na verdade, ele desistiu de encontrar respostas, foi quando escutou um telefone tocando.
No desespero, ele acabou descobrindo que um dos brinquedos embaixo da cama era na verdade um celular muito bem disfarçado e que vibrava muito. Teve um pouco de receio de atender aquilo, pensando em por onde aquilo já tinha passado, mas depois chegou a conclusão que ele não tinha inventado nenhuma doença sexualmente transmissível pelo ouvido e atendeu. A voz feminina do outro lado parecia sonolenta.
- Alô.
- Oi - respondeu deus.
- Shatrava?
"Puta bosta, outra lingua"
- Shatrava é você?
- Você está falando com deus.
- Eu morri?
- Não, você está falando com deus pelo telefone.
- Achei que eu tinha morrido, eu não sei onde eu tô.
"Mais uma, pensou deus".
- Do que você se lembra?
- Bom, eu tava trabalhando como sempre, dae chegou um cara lá na zona, dizendo que era deus e que tinha dinheiro, bebida e drogas. Esse é você?
- Não me lembro de ter feito isso, pode ter sido eu, ou qualquer outro deus por aí.
- Mas então porque você tá com o cel da Shatrava?
- Tem uma moça de cabelo laranja dormindo na banheira.
- A Shatrava tá careca por causa da quimioterapia, mas essa pode ser a Maroistica.
"Caralho, o que foi que eu fiz?"
- Deixa eu ver se eu entendi, você e suas amigas são putas?
- Hey, olha o respeito, nós somos professionais do sexo.
- Muito professional pelo que eu to vendo. Me ligue daqui uns 15 minutos que eu te ajudo a descobrir onde você está, preciso fazer uma ligação.
Deus desligou apressado, com medo de descobrir o que estava acontecendo, mas ele não podia ficar naquela situação. Pegou o celular vibrador e ligou para o único amigo sóbrio que ele lembrava de estar com eles, Nieztche. A voz dele no telefone estava mole:
- Deus?
- É, deus, aquele está morto, lembra?
- Tô com uma dor de cabeça muito forte. Que dia é hoje?
- Eu esperava que você pudesse me dizer.
- Eu não sei nem aonde eu tô.
- O que você lembra de ontem a noite?
- Eu lembro que eu perdi uma aposta pro Hitler e tive que tomar uma garrafa de absinto. Depois a gente cheirou uma carreira no capô do fusca e fomos para o paraíso da Xexênia.
- Você bebeu?
- Muito, depois que o estrago tava feito eu resolvi compensar o tempo perdido. Mas estranho, porque eu tava usando a mesma regra dos três que você, eu deveria me lembrar do que aconteceu.
- Quantas garrafas você lembra de ter tomado?
- 3 de absinto, 2 de vodka, 3 de amarula e 3 cervejas quando a gente chegou na zona.
- Você queria morrer tomando tanto assim?
- Era você quem sempre aparecia com uma garrafa, dizendo que era tudo por sua conta, inclusive as putas.
- Vou ligar pra outra pessoa.
- Eu preciso descobrir onde eu tô.
- Foda-se, eu preciso recuperar minha dignidade e descobrir onde minha carteira foi parar.
O próximo pra quem ele ligou foi o cara da camisinha azul. Ele nunca entendia porque levava esse cara quando queria beber, mas ele tava sempre lá, pelado, peludo e com uma camisinha azul. O ultimo apelido dele era agora felpudinho.
- Shatrava, que delícia receber sua ligação numa quinta-feira a tarde logo depois de acordar.
"Então era quinta, menos mal, ele só tinha perdido 4 dias da vida dele"
- E ae Thiago, é deus. Tudo susse?
- Susse que nem musse, to chapando agora, mas por que você tá ligando do cel da Shatrava?
- Ela esqueceu aqui em casa.
- Hnnn deus safadinho, a Shatrava faz um canguru perneta como se ela realmente não tivesse uma perna, é magnifico.
- O que aconteceu na virada?
- Você pagou todas.
- Todas o que?
- Tudo. Você passou na casa de todo mundo, com muita bebida e implorando por drogas. A gente fumou alguns, O J.C. apareceu com mais uns finos, uns doces e um pouco de pó e a gente foi pra zona.
- Então foi na zona que eu perdi minha dignidade.
- Não, claro que não, foi muito antes. Na minha opinião foi quando você deu cantada num traveco na rua, dizendo que achava incrível como ele conseguia usar um fio dental, ficar tão sexy e ter um pinto.
- Isso não pode ser verdade.
- Hahaha, mas é, tem um vídeo seu bombando na net, onde você fala que devia ter feito travecos desde o início.
- Eu vou matar quem fez o vídeo.
- Você já fez isso, mas ainda assim o vídeo ta por aí.
- Vá tomar no seu cu.
Deus desligou o telefone revoltado e esqueceu de perguntar o que mais tinha acontecido, mas agora ele tinha medo de saber. Quando sentou na cama e percebeu uma pequena dor na bunda, ele descobriu uma segunda tatuagem, um smile na nádega direita. Sua ultima tentativa seria o The Cash.
- Oi? - ele atendeu com uma voz de sono.
- Você se lembra daquele carnaval que você transou com uma manca e o Thiagaun pegou uma guria sem orelha?
- Quem ta falando? - The Cash perguntou confuso, sem reconhecer a voz.
- Você me ligou no outro dia perguntando se sua carteira e sua dignidade estavam na minha casa.
- Ah, sim, eu me lembro, foi aquele dia que a gente tomou disco voador e eu levei dez pontos na cabeça?
- Isso mesmo, esse dia.
- Você ficou do meu lado no hospital, segurando minha mão enquanto eu levava pontos, ou o cabelo quando eu vomitava no chão da enfermaria.
- É, é, mas não lembre disso - deus não gostava daquelas lembranças. - Do jeito que você fala parece muito mais gay.
- Você foi um amor, eu nunca vou me esquecer disso. Parte da minha dignidade eu só recuperei porque você estava lá.
- Ok, ok. Você sabe o que aconteceu na virada?
- A gente bebeu pra caralho, usou muitas drogas e depois fomos pra zona. Você ficava dizendo que precisava daquilo e que pagava pra todo mundo. Enquanto eu me atracava com a gordinha do bar, o Sor Rafael e o cara da camisinha azul estavam brincando com algumas meninas novinhas, enquanto aquele cara vestido de Hitler falava sobre bigodinhos com uma stripper e o J.C. com o Nieztche tentavam fazer pole dance.
- E eu?
- Você tava abraçado com 3 gurias, uma de uma perna só, uma com o cabelo azul e laranjado e outra careca. De repente você levantou e disse: "Rapaziada, eu vou me divertir com essas damas no quarto, vocês fiquem bem por aí e lembrem que é tudo por minha conta". Quando eu acordei no outro dia atracado com a gorda, você tinha vazado sem pagar nada e deixado a gente lá jogado pelo chão. Eu como sou The Cash, paguei um pouco, dei mais uns catos na gorda e sai vazado. O cara da camisinha azul ta morando lá. Sor Rafael também desapareceu, parece que ele roubou uma garota de 12 anos e um gato do lugar, ta todo mundo procurando ele. Hitler matou duas moças e foi preso e J.C. e Nieztche foram escravizados. Onde que você tava, faz 3 dias que tá todo mundo atrás de você?
- Ahnn - sem saber o que dizer, deus disse a primeira coisa que veio a mente dele. - Melancia. Eu tava numa plantação de melancia pesquisando sobre... é... quão redondas elas são. E verdes. Isso.
- Mas não foi você quem criou tudo?
- Você viu minha carteira - deus mudou estrategicamente de assunto.
- Sim. Você mandou ela por sedex 10 pra Pernambuco, disse que tinha alguem esperando por ela lá.
- Você me viu na segunda então?
- Sim sim, a gente se encontrou no domingo, foi na terça que você sumiu.
- Ah, tudo bem, parece que a virada de ano valeu a pena, nada de ruim aconteceu.
- Você matou o cara que filmou você com o traveco, Hitler matou duas putas na zona, a camisinha azul do Thiago ficou verde por causa daquelas gurias e o cara que eu atropelei perdeu um braço.
- Viu, tudo correu bem, tá afim de fumar um mais tarde?
- E o resto da galera?
- O que tem eles?
- Você não vai fazer nada?
- Putz, to muito cansado hoje, vou ver isso amanhã ou depois.
- Beleza, que horas eu passo aí?
- Chega aí, eu quero ver se descubro em que lingua tá a minha tatuagem.
- Não era em portugues?
- Não parece.
- Você tá falando da tatuagem na virilha?
" Oh não" pensou deus, "Mais uma". Quando ergueu a túnica ele viu a tatuagem na virilha, logo acima do deus júnior, a única tatuagem que ele gostou dizia o seguinte:
AGITE ANTES DE USAR