Pergunte pra Deus

23/02/2013

Tão Forte, Tão Perto - O Apocalipse

Quando Deus apareceu magicamente em seu apartamento, a luz voltou e um cara fantasiado de Bozo começou a operar as aparelhagens do DJ Lokão que estava desmaiado. Ninguém entendeu muito bem o que estava acontecendo e logo voltaram a dançar, como se nada tivesse acontecido.

Tão Forte, Tão Perto - Tá Tudo Errado

No apartamento de Deus a festa tava rolando solta há horas. Jesus Cristo estava na sala, fantasiado de skatista, sentado  no sofá mais confortável, se pegando com a Maria Madalena, que estava vestindo roupas pretas e tinha símbolos anticristo espalhados pelo corpo. Todos os doze apóstolos estavam lá, a maioria fantasiado de deuses gregos, bebendo vinho e perdendo a consciência.Thiago estava pelado, com o corpo inteiro pintado de azul e usando uma camisinha fluorescente das mesma cor. ''Avatar'' era sua fantasia, mas ele e Judas tinham ido pro Mato Grosso buscar bebida e estavam a quase mil quilômetros da festa naquele instante.
The Cash, como era conhecido o Sultão Libanês amigo de Deus que representava o capitalismo, também estava por lá, bebendo do seu Whisky de muitos anos importado, vestido de barbaro e acompanhado por um esqueleto, adquirido em um leilão de um mercado negro. O esqueleto era da metade do tamanho de um normal, e seguia o árabe por todos os lados.
O Coringa, que tinha se encontrado com a Arlequina na festa, estava na mesma sala que Jesus, em outro sofá. Ele e sua companheira louca, riam como malucos dos posteres de filmes nas paredes da sala. Apesar de não ter sido uma festa planejada, o sucesso era absoluto. Tinha cerveja a vontade, bebidas mágicas fumegantes que estava deixando todo mundo inconsciente e muito vinho, cortesia do Filho de Deus. O preço acessível (apenas 15 reais), chamou bastante atenção, por isso era o principal motivo de estar cheio de gente no lugar, mesmo com chuva.
Vários ambientes se formaram a medida que as pessoas foram chegando. No quarto do Arcanjo Rafael estava ele, o Papa Bento XVI e um cara estranhamente parecido com o Michael Jackson, que tinha chegado ali por volta da meia noite. Enquanto davam um teco, falavam sobre nazismo e se perguntavam por onde estaria Hitler. O alemão estava três andares mais pra baixo, no corredor onde também haviam foliões e brigando com sua zumbi loira recém capturada.
Na apartamento vizinho ao do Criador, várias garotas dançavam funk em cima da mesa, enquanto outras faziam strip-tease. Em um dos quartos rolava uma suruba contida e silenciosa, que nunca aconteceu, nem vai acontecer de novo. Na área de lazer do prédio na cobertura. havia uma fogueira, acompanhada de um luau, onde Os Mutantes faziam um som acústico, acompanhados no vocal pela neta bastarda da Rita Lee, Maga Lee.

Diferentes tipos de musica tocava por todo o prédio, mas atração principal acabou se tornando o DJ que tocou música eletrônica no andar de Deus. Ligou se oferecendo pra festa quando viu o anúncio da festa no Facebook. Jesus que não é bobo nem nada, pensou que aquela poderia ser uma maneira de impressionar as garotas e não pensou duas vezes ao concordar com o cara. DJ Lokão, como era conhecido, chegou tarde na festa, mas logo tomou conta do lugar, agitando a galera e bombando no Carnaval de Deus. O que o Filho de Deus não imaginou, foi que aquele garoto loiro e magrela, poderia ser tão louco quanto no nome.
Logo que montou o equipamento e o som começou a rolar, ele passou a beber dos goles esfumaçcados, servidos nos caldeirões espalhados pela casa. Até hoje não se sabe ao certo o exatamente casou a confusão  daquele dia, se o álcool, o carnaval, as ervas usadas nas preparações das bebidas, pura insanidade ou um piti de bicha louca. Não que o DJ fosse viado, nem que alguém tivesse problema com isso, mas pouco depois da meia-noite, quando álcool mais estomago vazio já faziam efeito, o músico parou a música do nada, juntou as mãos na cintura e gritou:
- PARA TUDO - estava fantasiado de Rainha da Bateria. - EU QUERO MACONHA!

Muitas pessoas ficaram espantadas,outras nem notaram a ausência de som e a maioria ficou pensando "será que alguém tem maconha?". Os ouvidos mais atentos perceberam um sinal de alerta e no mesmo momento Jesus Cristo e o Coringa, acompanhados de suas damas, foram pra cozinha ver o que estava acontecendo. Quando lá chegaram se deparam com uma multidão irritada e algumas pessoas tentando segurar o DJ, que se debatia pra se soltar e continuava gritando:

- EU QUERO MACONHA - berrava eufórico - AGORA. A-GO-RA!
- O que tá acontecendo? - perguntou J.C. para alguém que estava por perto.
- Acho que ele quer maconha - respondeu alguém desesperado no meio das pessoas.
- TÁ TUDO ERRADO! - o DJ saiu correndo, levando a multidão junto com ele. - EU QUERO MACONHA AGORA! MA-CO-NHA! A-GO-RA!
- Além de gay ele é gago? - o Coringa indagou rindo.
- Não fala assim dele - defendeu uma garota que tentava segurá-lo. - Ele é uma excelente pessoa e um DJ de muito sucesso.
- Tô vendo o sucesso que ele faz. - soltou outra pessoa ironicamente.
- CADÊ O DONO DA FESTA - o DJ Lokão tava mijando em uma cruz e um boneco da decoração. - CADÊ? CADÊ?
- Ixi, meu pai vai ficar uma fera - disse Jesus se dirigindo ao Coringa.- Cadê meu Pai Eterno?
- Ele tava meditando lá embaixo.HAHAHAHA - respondeu o Coringa com cara de maluco. - No meio das abóboras. HAHAHAHA

O DJ entrou no quarto de Deus, onde tinha mais ou menos 15 pessoas compartilhando de um único baseado. Eles eram liderados por um Hippie loiro de cabelos ondulados e compridos, uma barba farta e Fantasiado de Galo. O bebado que procurava se animou com o cheiro e na empolgação acabou derrubando a bebida de doze pessoas, enquanto tropeçava e esbarrava acidentalmente nas virilhas de todos. A ponta do baseado perdeu-se na confusão. Nesse momento o DJ aproveitou a deixa pra tascar um beijo em outro hippie de cabelo comprido, mas com o cabelo preto. Depois saiu do quarto, abriu os braços e gritou:

- ESTÃO VENDO? TÁ TUDO ERRADO! - deu um passo dramático pra frente. - DEUS NÃO EXISTE.

Ouviu-se uma explosão, que foi sucedida por um blecaute de energia e um relâmpago que deixou todo mundo com um frio na espinha. Caiu uma tempestade e nos seus trovões ouviram a voz de Deus dizendo: "Que folia é essa no meu apartamento?"

22/02/2013

Tão Forte, Tão Perto - Carnaval Halloween

A disputa criada pelo nosso Deus cristão na terra, ao enviar para cá Lúcifer e Jesus Cristo, era quase a mesma que tinha dado origem a própria existência Dele. Após o peido The Big Bang existia tudo, inclusive Ele, mas antes não tinha Nada. Como luz e escuridão, como bem e mal. Não que o vazio fosse ruim, mas se Deus é tudo, com certeza ele não é muito fã de Nada. Da mesma forma como Ele representava tudo que existia, havia também a representação do vazio total. Humanos chamam de depressão, violência, ignorância, maldade e outras coisas, enquanto Deus preferia não dar nome, mas sabia que aquilo era seu arqui-inimigo e que no fundo, eram a mesma coisa.
- SAI CAPETA! - gritou Deus ao perceber que estava diante do nada.
- Olá Dr. - respondeu uma voz que começou a tomar a forma de uma sombra, na luz total que era a Consciência Divina.
- SAI DAQUI! - O Criador estava aos berros, tomando a forma de um velho careca com uma barba branca que ia até quase o chão. - EU NÃO GOSTO DA SUA PRESENÇA! - usando um manto branco luminoso, balançava um cajado na direção da fumaça sombria. - ESTE LUGAR É SANTO.
- A mente de Deus. - disse irônicamente a sombra que se afastava do cajado e tomou a forma de um pequeno homem de terno preto risca-de-giz, com um bigodinho estranho, um chapéu e uma bengala. - Me desculpe a intromissão. - falou respeitosamente, fazendo uma mesura na direção de Deus. - Só vim lhe entregar um recado. - O homem estalou os dedos e a consciência de luz divina tomou a forma de uma confortável sala de leitura, com a parede feita de tijolos amarelos envelhecidos. - Assim está melhor?
- Recado de quem? - Perguntou O curioso.
- Recado meu. - disse o outro homem olhando para um relógio recém tirado do bolso. - Eu tenho pouco tempo.
- Eu não vou ouvir nada vindo de você - falou firmemente o Todo Poderoso, que bateu com o cajado no chão,  fazendo suas orelhas caírem no mesmo instante. - ESTAMOS ENTENDIDOS?
- O que te torna mais idiota - respondeu o outro diretamente dentro da mente de Deus. - É tentar ser engraçado. - estalou os dedos novamente e duas vuvuzelas surgiram no lugar das orelhas, sem o Divino se quer notar. - Você estava certo ao acreditar em uma única verdade, mas você não sabe se a única verdade é a sua ou a minha.

Um sino tocou dentro da cabeça de Deus e ele voltou a consciência, com uma puta dor de cabeça, na vida e linha temporal que tinha escolhido como Humano. Estava de novo ao seu corpo jovem de vinte e tantos anos, com uma farta barba negra, uma barriga sexy e cabelo curto. Por um breve momento esteve em um local distante, como acontecia sempre em seus saltos temporais e de existência, mas dessa vez havia se encontrado com seu igual e inimigo, ao qual preferia sempre Não Nomear, o que não era um bom sinal. Ficou preocupado.
Estava de novo ao seu sábado de carnaval, em uma cidade do Brasil, sentado no gramado em frente ao seu prédio, abraçado com uma abóbora sorridente e vendo as pessoas na rua festar. Havia se esquecido de tudo que havia por ali e quando se tocou, levantou-se correndo e foi em direção a portaria. ''Tá rolando uma festa no meu apartamento'' pensou, ''E eu nem tava sabendo''. Quando entrou no prédio ficou ainda mais preocupado, pois haviam pessoas fantasiadas por todo o saguão, dançando  "Gangnam Style"  ao estilo pagode e deixando o porteiro maluco, que tentava impedir o fuzuê. O interfone tocava constantemente e O Criador já sentia cheiro de confusão.
Quando olhou pra rua, no meio da multidão sambante, viu os primeiros zumbis e sabia que isso também era sinal de problemas. Quando a porta do elevador se abriu, surpreendeu-se com  3 médicos palhaços dançando a musica do coreano e uma pessoa toda vomitada, desmaiada num canto. Em cima da porta tinha um letreiro que dizia: CARNAVAL HALLOWEEN DE DEUS. A ira tomou conta do Todo Poderoso, que estava pronto pra descer o cacete no responsável por isso, quando viu uma viatura estacionar em frente eu ao seu prédio.
"Fodeu", foi o que Deus pensou quando viu o Sgt. Moraes descendo da viatura e indo na direção do urso, que ainda tentava aplacar a larica com as abóboras. Quando a porta do elevador finalmente fechou, o policial já estava pedindo os documentos do urso e do fusca tanque estacionado na frente. Desesperadamente, Deus começou a pensar em um plano de ação para atrasar o policial e saiu correndo do elevador quando ele abriu a porta no terceiro andar. Havia mais pessoas fantasiadas dançando de um jeito engraçado naquele corredor e foi então que Deus percebeu as proporções do problema, já que ele morava no 9º andar ia da portaria até o ultimo andar, pelo que ele estava vendo. Isso lhe deu uma ideia pra atrasar o policial.
Apesar de estar vivendo em uma forma humana e não ter total controle de seus poderes divinos, já que era tão limitado quanto qualquer outro homem, ainda assim conseguia fazer cosias espetaculares com um simples estalar de dedos. Infelizmente nem sempre o efeito era o desejado, como quando estalou os dedos esperando trazer de volta a vida Sidartha Galtama, para fazer companhia a Jesus Cristo, mas acabou trazendo Adolf Hitler, que instantaneamente o reconheceu como judeu e atirou na sua testa. Sempre que esses acidentes aconteciam, Deus era quem tinha que pagar o pato, assumir as responsabilidades e sumir do lugar para não ter problemas.
A sua fé era determinante no efeito do estalo de dedos e naquele momento, sem pensar muito bem, estalou os dedos com o intuito de fazer o elevador parar de funcionar, para que o policial fosse forçado a subir as escadas se quisesse foder com ele. Infelizmente quando estalou os dedos o elevador explodiu e os pedaços das pessoas que voaram, acabaram ganhando vida e tentando se reagrupar. Normalmente quando usa essa técnica e dava em merda, Deus preferia não correr o risco de tentar novamente por um determinado período de tempo. Como no meio da folia, as pessoas mal haviam percebido a explosão acidental causada por ele, disfarçadamente correu para as escadas.

20/02/2013

Vai acabar


Deus é um ser caridoso, se é que ele pode ser chamado dessa maneira. Como todos sabemos ele vive entre nós, motivando boas ações, como muitos imaginam, mas na verdade ele tem um problema com o destino. Todas as intenções de deus são boas, mas nem sempre o efeito é positivo. Por exemplo, a cerca de duzentos mil anos, deus foi o responsável pela criação do seu mais amado bicho de estimação e desde então o departamento de Serviço ao Consumidor divino não teve mais descanso. Na verdade como esse bichinho foi criado a imagem e semelhança dele, muitas outros seres começaram a se perguntar se deus não seria tão falho quanto seu pequeno projeto da terra.
Depois de muito tempo tentando apaziguar esse pequeno engano, ele desistiu e tá de férias a muito tempo. Pra fugir dessa merda toda ele acabou fixando residencia em uma cidade qualquer, pra não chamar atenção. Obviamente não deu certo porque deus não é muito bom em se esconder, já que ele deveria estar em todos os lugares ao mesmo, o que significa que se alguém quiser mesmo encontrar ele, uma hora ou outra acaba topando com ele no supermercado ou passa por ele do lado de um mendigo de avenida central.
E nesse vai e vem da culpa que deus carrega em si por um erro cometido, outros erros surgem no caminho, como quando ele mandou seu filho pra terra, que acabou sendo morto e por causa disso tem problemas de relacionamento com ele até hoje. Mas Deus é bom apesar de tudo, se esforça o quanto pode para que as coisas possam dar certo, apesar de ter gente dizendo que ele é neutro e que não tá nem aí pra nada. Outros dizem que ele só pensa nele mesmo e os outros que se fodam. Aqueles que realmente não gostam dele dizem que ele é do mal e que fez pacto com o diabo.
Mais uma vez, mesmo sem querer, Deus havia feito cagada de novo, e das grandes. No sábado de carnaval, quando o relógio marcou meia-noite, os mortos voltaram de volta a vida ''por acidente'' e agora Deus estava em um fusca de guerra, atravessando um cemitério pela madrugada a fora, acompanhado de Hitler, do Coringa, de um urso e de uma morta-viva loira que se debatia, tentando se livrar do lençol que a amarrava. Deus e os companheiros estavam abrindo caminho a bala, tentando chegar em casa o mais rápido possível.
Nesse dia ainda pela manhã, Deus tinha deixado seu apartamento para se encontrar com uma Deusa, quando seu carro quebrou a tudo começou a dar errado. No seu prédio, Jesus Cristo e uns amigos já tinham começado a festa logo cedo e tiveram a ideia de fazer uma festa temática pra comemorar o carnaval. O tema não poderia ter sido melhor escolhido para o que aconteceria a seguir: Halloween.
E a ideia não tinha como ser mais perfeita, festival da carne ao estilo apocalipse. E foi o que fizeram, anunciaram a festa no face e em pouco tempo a noticia se espalhou pelo mundo virtual. A festa começou oficialmente as 4:20 da tarde, mas antes disso o apartamento já estava cheio de pessoas e quando chegou a noite, o apartamento de Deus e dos vizinhos estava cheio de gente usando fantasias de monstros.
Todas as ruas da cidade estavam cheias de gente curtindo o festerê, mas Deus estava perplexo com o fato de ter trazido os mortos de volta a vida e dos malucos que o acompanhavam, que agora atiravam em qualquer coisa que se mexia pelo caminho. Estava começando a sentir triste e culpado, quando lhe passou pela cabeça que aquilo poderia ser obra de outra pessoa. Se espantou quando chegou no prédio e viu abóboras por todo o gramado da entrada, com pessoas fantasiadas entrando e saindo do local. Ao estacionarem o Fusca/Tanque Hitler desceu do carro atirando em aboboras e pessoas enquanto o Coringa as chutava e arrastava a trouxa de panos com uma zumbi dentro. A única coisa que Deus queria era que tudo voltasse ao normal e que ele pudesse se encontrar com sua Deusa em paz, mas isso parecia algo totalmente impossível naquele momento. O urso que estava na direção do carro pegou uma das aboboras e passou a devorá-la ferozmente. Os outros subiram para os apartamentos.



Pronto pra guerra

O fusca de Adolf Hitler era personalizado, preparado pra guerra. Com uma pintura camuflada e uma tração de tanque atrás no lugar das rodas traseiras. Deus saiu desesperado de dentro do necrotério, acompanhado pelo alemão nazista e do vilão Coringa, que vinham armados e atirando nos zumbis que os seguiam. O urso que tinha chegado até ali junto com Deus, na sua Bike Black elétrica, estava encostado no fusca, fumando um cigarro de palha. Deus nem se lembrava daquela figura estranha, que estava ali quase por acidente e agora teria que enfrentar os mortos-vivos.

- ENTRA NO CARRO POOF - gritou Deus desesperado para o urso correndo na direção do carro. - OU SOBE EM CIMA, SEI LÁ.
- LOUCURA! - o Coringa gritava histericamente, carregando uma morta-viva embolada num lençol em cima do ombro esquerdo e matando zumbis com a espingarda da mão direita. - LOUCURA!! HAHAHA
- LIGA O CARRO - Hitler jogou a chave para o urso, que a apanhou no ar.

O Coringa jogou a loira morta-viva pra dentro do fusca e pulou logo atrás. Deus entrou no carro logo em seguida, enquanto Hitler ficou do lado atirando freneticamente com sua Luger P08 e gritando ''MORRAM SEUS JUDEUS DE MERDA''. O Criador o puxou pra dentro, batendo com força a porta e mandando o urso arrancar.
- Que loucura isso - disse o urso acelerando com o fusca. - Parece que alguém usou o Edo-Tensei.
- Que porra é essa que você tá falando? - perguntou Deus irritado.
- É um jutsu - respondeu o urso sorridente. - Coisa de gente ninja que nem eu.
- Corta caminho pelo cemitério que a gente chega mais rápido em casa - falou Hitler apontando a direção. - Vai por ali.

O urso entrou no cemitério com o fusca e estava atravessando o gramado quando perceberam que os mortos de lá também estavam ressuscitando. Hitler começou a atirar pela janela, gritando loucamente cada vez que derrubava um cadáver, e o Coringa se empolgou, subiu pelo teto solar do fusca, estrategicamente posicionado entre os dois misseis na parte de cima do carro e começou a despejar bala com a sua doze semi-automática. Nessa brincadeira, a loira que até então se debatia enrolada no lençol, conseguiu se libertar e mordeu a orelha do urso, que perdeu a direção do carro, até Deus conseguir tirar a loira gelada de cima do grande animal. De repente a marcha imperial começou a tocar e Hitler atendeu o telefone.
- E AE MALUCOOO - gritou o alemão ao atender o seu smartphone. - VOCÊ NÃO VAI ACREDITAR NO QUE TÁ ROLANDO.
Deus ouviu uma voz robótica respondendo do outro lado.
- NÃO ESTOU TE OUVINDO DIREITO - berrou o alemão, que agora estava atirando com as metralhadoras colocadas na lateral do fusca. - LOGO A GENTE CHEGA EM CASA. - desligou o telefone. - PISA AÍ GORDÃO, TEM UMA GALERA ESPERANDO A GENTE EM CASA.

19/02/2013

The Walking Dead

Os mortos do necrotério estavam de volta a vida, tudo devido a ''uma viagem errada'' de Deus. E como a mente Divina funciona de formas mistériosas, no mesmo instante podia se ouvir a música Thriller, tocando no sistema de som do local. Na verdade Deus pensou ter visto o próprio Michael Jackson, passando por um corredor ao estilo Moonwalker, mas logo não o avistou mais. Era meia-noite de sábado de carnaval e O Criador ainda não tinha entendido muito bem como estava em um necrotério, suando feito um porco, acompanhado de Adolf Hitler, que ele mesmo havia trazido de volta a vida, e o Coringa, aquele homicida maluco inimigo do Batman.
- UHUUL! - disse o Coringa histérico, chutando um corpo contra a parede. - CARNAVAL ZUMBI!!!!
- Boa Deus - falou o nazista sacando uma pistola antiga alemã e atirando nos mortos vivos. - Agora minha loira gelada pode interagir comigo.
- VOCÊS ESTÃO DOIDÕES? - Deus perguntou aos berros puxando a barba em desespero. - COMO ISSO PODE SER BOM?
- HAHAHA - rindo loucamente, o Coringa foi até um canto, de onde tirou uma doze de uma mochila, e começou a estraçalhar os zumbis, que continuavam a se levantar. - VAMOS CURTIR ESSA SUA LOUCURA!!
- MINHA LOUCURA?! - Deus estava perplexo com a situação. - O QUE ISSO TEM A VER COMIGO?
- Você é Deus, se isso tá acontecendo é porque O Senhor quer - falou Hitler segurando sua loira com um abraço e abrindo caminho aos chutes pelos mortos. - Coringa, segura a gelada pra mim.
- Deixa comigo brother - o palhaço saiu dançando e rodopiando pelo necrotério, passou a mão num lençol e o envolveu na morta quando a alcançou. - Tá conosco, tá com Deus. HAHAHAHA

Deus ainda estava praticamente imóvel no lugar, sem entender muito bem o que estava acontecendo. Os morto estavam todos andando e saindo dos lugares mais estranho possível. Aquilo tudo fugia da compreensão humana, que era a forma na qual Deus se encontrava naquele momento, como um jovem barbudo de vinte e tantos anos, com uma camisa roxa aberta deixando o peito a mostra. Por estar vivendo como Homem, ele perdia grande parte da compreensão divina das coisas, de quando não tinha forma nenhuma. Havia alguns poderes que ele conseguia usar, como por exemplo, trazer pessoas de volta a vida, mas nunca tinha feito isso sem querer daquela forma, causando um apocalipse zumbi naquele lugar.
''PLÉIN'', ouviu um sino badalar forte na sua cabeça. Tudo começou a vibrar a sua volta e sua vista se tornou enevoada. De repente se viu em casa, numa terça-feira, lavando roupa numa tarde nublosa. De tempos em tempos ele sofria destes saltos temporais que o jogava em diferentes situaçoes e até mesmo como outras pessoas ou coisas. Certa vez decidiu que faria vestibular e quando dormiu durante a prova e passou cinco anos como um banco na rodoviária de Curitiba. Deus pode ter uma noção de tempo diferente das coisas, mas aquela experiência foi infernal. Dessa vez era uma dona de casa de meia-idade, com bobs no cabelo, de peitos caídos e usando pantufas. Ouviu um choro forte e viu que as roupas que lavava eram de bebê. ''MÃE, O KEIRRISON TÁ CAGADO'' ouviu gritar uma voz adolescente. ''O FILHO É SEU!'' respondeu automaticamente com uma voz rouca e amargurada. ''FODA-SE, TÔ SAINDO'' a garota respondeu ele Deus ouviu a porta bater. BLAM
Aquele som forte o levou de volta a sua antiga realidade, caótica e recheada com zumbis. Quando se deu conta que voltara, percebeu que o cadáver horrendo de uma velha caquética estava babando nos seus pés, chupando-os enquanto tentava morder. Deus chutou a cabeça e a viu se desprender do corpo, voando pela sala do necrotério, até ser atingida e completamente destruída com um tiro de escopeta do Coringa. O Criador olhou abismado para a cena que se transcorria e disse:

- CORRE NEGADA!

No necrotério à meia-noite

- Huuummm... - disse o Coringa observando o corpo.- Acho que essa tá boa hein.
- Muito boa - concordou Adolf Hitler. - Vai ser essa mesmo.
- Tem certeza - perguntou o psicopata sorridente. - Vai que tem alguma outra melhor?
- É verdade - disse o alemão. - Não custa nada dar uma olhadinha.
- Com certeza não vamos pro inferno por causa disso - riu o palhaço. - HAHAHAHAHA
- Não mesmo - riu o nazista. - HAHAHAHAHA
E os dois começaram a vagar pelo necrotério.

Quase duas horas atrás, Hitler tinha ido buscar Deus, que estava com o carro quebrado em algum lugar. Quando o encontrou, ele estava no carro com um urso e recusou a carona.
- Você tá maluco Hitler - disse Deus. - Eu não vou entrar no mesmo carro que esse assassino psicopata.
- Hey - disse o Coringa. - Assim você me ofende.
- Tô pouco me fodendo - Deus falou com descaso. - Eu vou de bike.

E foi mesmo. Tirou a bicicleta to porta-malas e uns doces doces da carteira e foram juntos, ele e um urso, numa bike elétrica minúscula, pra fugir da carona do nazista. Quando partiu com a bike na chuva, usando um capacete amarelo, com um urso pardo imenso abraçado nele, foi que Deus se lembrou de como a vida era boa. Era dificil pra quase todo mundo e como homem, Deus também penava pelo mundo nos seus dias na terra, mas em momentos como aquele, em que sentia a brisa forte no peito descoberto, viajando por uma estrada deserta, vislumbrava a liberdade e tinha a consciência de quão bela era a vida.
Começou a sentir o forte calor da emoção de não saber onde estava, nem pra onde ia. O urso estava em silencio, agarrado em Deus e distraído com as paisagens. Era fim de tarde e as cores pareciam mais brilhantes e belas. Deus estava se sentindo ótimo, renovado, pronto pra enfrentar qualquer problema. Então escureceu.
Sua bicicleta, apesar de elétrica, não tinha luz, mas tinha uma cestinha. Claro que a cestinha de nada ajudava naquela hora, porque pra encontrar o caminho de casa, ele ia precisar enxergar alguma coisa, não carregar flores, mas quando avistaram um jardim florido e bem iluminado, não resistiram. O urso e Ele pararam e encheram a cesta de flores coloridas, quer era ''pra filtrar a energia da cor preta da bicicleta''. Quando alcançaram a cidade, as luzes dos postes ajudavam a encontrar a direção, mas também confundiam Deus, que as vias se estenderem pelas ruas e calçadas, como se pudesse tocá-las.
Ainda longe de casa, já que a bicicleta nadava no máximo a 20km/h, acabou a bateria, mas Deus usou sua incrível força, sua determinação implacável e uma disposição ácida pra pedalar o máximo que podia. Depois de meia quadra estava sem folego e parou pra fumar um cigarro de palha. O urso dividiu o trago e o trabalho, assumindo o pedalo dali pra frente. Era meia-noite quando encontraram o fusca verde guerra do Hitler estacionado na frente de um necrotério.
Deus pediu para o Urso parar e desceu procurar o alemão. O carro estava vazio e o portão para o necrotério estava aberto. O Criador teve uma sensação incomoda e se dirigiu até a porta lateral do local. A porta estava fechada, mas não trancada e quando Deus entrou, ouviu uma música animada tocando: ''Stuck in the middle with you'' do Stealers Wheel. Teve um flashback violento da década de 70 e andou na direção da música. ''O que Hitler estava fazendo ali, ouvindo aquela música, naquele horário?'' Deus estava se perguntando.
Um frio subiu pela espinha devido ao horário e lugar. Meia-noite num local cheio de gente morta, era de deixar qualquer um com medo, até mesmo Deus. Foi então que ele entrou numa ''bad''. Pra quem não conhece o termo, quando se usa drogas, define-se a experiencia basicamente de duas formas: A ''good trip'' e a ''bad trip''. A trip boa, é quando a experiência é positiva e se tira bom proveito, já a ''bad'', é quando a pessoa acaba intensificando pensamentos negativos e tendo uma experiencia negativa. Quanto mais forte a droga, mais forte a intensidade da viagem, seja ela boa ou ruim. Deus tinha tomado um doce e estava em um necrotério a meia-noite, só seria pior se fosse sexta-feira 13. Começou a ouvir barulhos estranhos vindo de todas as portas e risadas malucas perturbavam sua sanidade. Enfim encontrou a sala onde estava Hitler e o Coringa, ambos dançando no meio dos corpos espalhados pelas mesas.
- Porra Hitler - disse Deus entrando na sala. - Você tá maluco? O que você tá fazendo aqui?
- Eu vim buscar minha loira gelada - respondeu o nazista surpreso ao ver Deus. - Eu te falei que queria uma.
- Desde quando você tem fetiche por gente morta? - perguntou Deus incrédulo do que via.
- Ora essa, desde sempre - retrucou o alemão. - Eu mesmo deveria estar morto.
- Eu te trouxe de volta a vida já faz quase 5 anos - falou Deus olhando para os lados apreensivo. - Sabia que ia dar merda você andar com esse maluco do Coringa.
- HAHAHAHA - riu o Coringa. - Me desculpe Deus, mas é o Senhor que tá parecendo que tem tara por gente morta.
- Vocês não estão entendendo - disse Deus. - Esse lugar é perigoso.
- Relaxa Deus - disse Hitler. - Tá todo mundo morto.
- Isso é o que você pensa - disse Deus.

O que Hitler e o Coringa não sabiam era o tamanho das proporções que uma ''bad'' de Deus podia alcançar. Drogas como o LSD tem a característica de expandir a capacidade mental e se isso fosse feito de forma negativa com a mente de Deus, qualquer coisa poderia acontecer, a prova disso era uma chuva maldita que se intensificou naquele instante e não parou até quase uma semana e meia depois daquele dia. Outro efeito colateral da ''bad'' de Deus naquele dia foi o nascimento de um cantor brasileiro, conhecido como Latino, fato este que ocorreu muitos anos antes da fatídica ''bad'' daquele sábado a noite.

- Ok, ok - disse o general nazista alemão. - Deixa só eu pegar minha loira gelada e a gente vai embora.
- CACETE - gritou Deus olhando para os mortos - ELES TÃO SE MEXENDO.

E a mente maluca de Deus fez os mortos do necrotério voltarem a andar.

18/02/2013

''Vou de Bike''

Disse Deus para Hitler. Já era de noite, a chuva tinha diminuído, mas o carro Dele ainda estava do mesmo jeito, continuava sem sair do lugar. Tirou a carteira do bolso, mexeu por alguns instante e encontrou um pequeno pedaço de papel colorido, que cabia na ponta do seu dedo indicador e logo foi parar embaixo da língua divina. Deus saiu do carro, se dirigiu até o porta-malas e o abriu. De lá tirou uma bicicleta preta e amarela, relativamente pequena, com uma cestinha na frente e uma garupa acolchoada atrás.
''Vou de Bike'' disse Deus outra vez. ''Bike Black, Black Bike'', dizia sorridente colocando a Bike no chão. Tirou também da traseira do carro dois capacetes de moto e jogou um no colo do urso.
- Tá afim de andar de Bike? - perguntou Deus.
- Eu que tô - disse o urso já saindo do carro.
Deus tirou a carteira do bolso e achou outro pedacinho de papel, que colocou na pata do urso. O urso lambeu sua pata ferozmente e o pequeno papel de gosto amargo foi parar na sua boca. Os dois colocaram os capacetes, o de Deus era amarelo e o do urso pink. Hitler e o Coringa estavam no fusca verde guerra estacionado do lado do carro de Deus, meio sem entender o que estava acontecendo. O alemão coçou o bigodinho e se dirigiu ao todo poderoso:
- Como você pretende levar esse urso enorme nessa sua bicicleta em miniatura aí? - perguntou o nazista.
- É verdade - disse o urso apreensivo. - Tem certeza que rola?
- Relaxa galera - respondeu Deus tranquilamente. - Essa Bike é elétrica.

Deus subiu na bicicleta e o urso sentou na garupa. Depois de um ''creck'' a bike começou a zunir como uma mobilete e saiu a todo vapor, levando as duas figuras a uma absurda velocidade de 10 km/h. O fusca do nazista saiu logo atras e emparelhou com o veiculo de Deus pouco a frente. O coringa colocou a cabeça pra fora da janela e gritou:
- VOCÊ É UMA COMÉDIA DIVINA!

E o fusca partiu.

17/02/2013

A carona chegou

Perplexo e com o estomago roncando, Deus observava um urso pardo sentado no banco do carona do seu carro, remexendo nas coisas do porta-luvas. ''Maldição'', pensava ele, ''O que esse maldito tá fazendo dentro do meu carro?''. O urso usando camisa vermelha ainda nem tinha percebido que Deus estava do lado de fora do carro, na chuva, olhando pra ele com cara de idiota. Alguns minutos atrás o urso estava em sua caverna hibernando quando sentiu um cheiro que o guiou até o carro. Mal entrou e começou a remexer as coisas todas bagunçadas pelo carro, quando seu olfato lhe apontou a direção e acabou achando um baseado no porta-luvas.
- TSUKE! - o urso rugiu comemorando.
- HEY! HEY! - Deus acenava na frente do carro. - Essa erva é minha, SAI DO MEU CARRO. SAI.
- Orra velho - o urso percebeu o gordo barbudo de camisa roxa dançando na frente do carro. - Foi mal ae, mas o cheiro é muito bom.
- SAI do meu carro porra - Deus estava ficando irado e a chuva aumentando. - Eu vou ligar pro IBAMA.
- Relaxa velho - o urso disse dando um sorriso divertido e acendendo o baseado - Entra aí, eu não sei de quem é esse carro, mas essa erva tem um cheiro muito bom.
- Esse carro é meu - disse Deus entrando no carro. - E você quem é?
O urso apontou para a camiseta vermelha no peito, onde estava escrito de amarelo a palavra ''Poof''
- Seu nome é ''Poof''? - perguntou o senhor do universo.
- Lorde Poof - disse o urso passando o cigarro do capeta pra Deus. - A seu dispor. E você?
- Eu sou Deus - respondeu pomposo o Criador. - Não precisa me agradecer.
- Sério cara? - perguntou o urso incrédulo. - Sério cara? Você tá me zoando?
- Não cara - respondeu o senhor do exércitos. - Eu sou Deus mesmo.
- Porra velho - o urso falou. - Faz alguma coisa divina aí pra eu ver.
Deus soltou um peido que foi acompanhado de um trovão.
- NOOOOOOSSA! - o urso estava passado.
- Quando eu espirro eu faço arco-íris - disse Deus como se fosse a coisa mais normal do mundo. - Mas eu acho meio gay.
- E o que você tá fazendo aqui - perguntou o urso - parado na chuva?
- Meu carro quebrou - disse sem jeito. - Daí um guarda quis me inspecionar e eu saí correndo.
- Verdade - o animal concordou. - Seu escape caiu e a embreagem não funciona.
- Como você sabe disso? - Deus perguntou.
- Pelo cheiro - o urso respondeu. - Eu sou mecânico.
- Uau! - exclamou Deus esperançoso. - Consegue arrumar?
- Claro - concordou o urso. - Como num passe de mágica.

O urso saiu do carro, deu uma volta, pediu pra Deus abrir o capo do carro e soltou uns rugidos. Com um pata ergueu o carro e o deixou inclinado, apoiado em uma pedra. Nesse meio tempo Deus dormiu. Em seu sonho, não sabia onde estava, mas a sensação era maravilhosa. Era tudo colorido e não tinha problema nenhum. Não sentia fome, não sentia dor, não sentia medo. Estava em um gramado grande onde havia muitas pessoas sentadas, todas usando roupas coloridas e parecendo um bando de hippies que cantavam juntos ''Imagine'' do John Lenon. O sonho bom se tornou um pesadelo quando o Sargento Moraes apareceu fardado, com um grupo de policiais dando batida em todo mundo, indo na direção de Deus com um sorriso maléfico no rosto. O Todo Poderoso parecia ouvi-lo dizer ''Eu vou te foder maluco''. Saiu correndo como havia acontecido horas antes, mas dessa vez roubou uma bicicleta cor-de-rosa de uma garotinha perto dele, para garantir distância daquele que aterrorizava o seu sossego. Pedalou, pedalou, pedalou e pedalou. Estava distante no horizonte, vendo a figura do policial pequena, quando apareceu atrás dele uma viatura MonsterTruck, que lhe deu carona e se aproximava de Deus com uma velocidade surpreendente.
Avistou seu Palio 97 estacionado perto de uma lagoa e partiu em sua direção. Entrou no carro desesperado, tentando loucamente ligar o carro. Acordou de sobressalto quando o carro foi esmagado pelas rodas gigantes do carro de policia do sonho. No lado de fora o urso estava chutando o carro revoltado e dizendo:
- Mas é uma merda mesmo.
- Hey - falou Dues com a cara amassada. - Olha o jeito que você fala das coisas de Deus.
- Faz três horas que eu tô na chuva - disse o urso entrando no carro. - Tentando arrumar essa bosta. E tá difícil!
- O que eu faço? - perguntou Deus ansioso.
- Tem uma Marmota no motor - o urso falou nervoso. - Tá muito fodido seu carro. Eu acho melhor você abandonar mesmo, não vale nada.
- Achei que você disse que fazia mágica - retrucou Deus.
- Eu faço - o urso juntou as mãos em frente ao peito, como se fosse rezar e resmungou algumas palavras que deus nao entendeu. Um pequeno redemoinho de ar se formou no painel do carro e começou a andar pelo carro, arrumando toda a bagunça, tirando o pó do carro e saindo pela janela. Deus ficou impressionado e o urso continuou: - Mas milagre quem deveria fazer é o senhor, esse carro deve ter sido financiado num ferro-velho.

Como não tinha muito o que ser feito e a chuva ainda não tinha parado, resolveram bolar mais um enquanto esperavam a carona de Deus. Nisso viram um fusca se aproximar pela pista da contra-mão na rua. A cor era verde escuro malhado de verde mais escuro, como se fosse um fusca de guerra. Era a carona que o Criador ansiava que chegasse. O carro passou a quase 140 km/h do lado deles e deu um cavalinho-de-pau alguns metros a frente. Uma sirene de ataque aéreo começou a soar assustadoramente alta e umas risadas macabras se ouvia de tempos em tempos, como se o diabo risse do fim do mundo. O fusca parou com a janela alinhada com a do carro de Deus e quando baixou o vidro um palhaço saltou pra fora, dando risada loucamente.
- WHY SO SERIOUS GOD? - perguntou o Coringa, vilão do Batman. - HAHAHAHAHAHA
- QUE PORRA É ESSA?! - perguntou Deus quase morto de susto.
- GOSTOU DA MINHA BUZINA NOVA? - gritou Adolf Hitler, que estava na direção do fusca.
- DESLIGA MERDA DE SIRENE DO INFERNO! - berrava Deus.
- OK - Hitler desligou a sirene. - Vamos atrás da minha loira gelada?

16/02/2013

Faminto

Sem folego, com o peito ardendo, Deus estava na chuva, cem metros a frente de onde seu carro tinha quebrado. Sem saber muito bem o que fazer, resolveu voltar pro carro antes da chuva ficar mais forte, pegar o celular e ligar pra alguém vir ajudá-lo. Ser Deus lhe dava muitas vantagens em sua vida, mas estar na terra como ser humano o fazia sofrer em situações como a que se encontrava naquele momento. Havia acabado de levar uma bronca de um guarda se achando mais poderoso que o próprio Deus, estava com um carro velho quebrado e sem dinheiro. Como Deus, podia ter escolhido vir a terra como um multibilionário e nunca passar por esse tipo de perrengue  e as vezes deslumbrava como poderia ser a vida se não tivesse decidido não ser relativamente pobre. Ou como seria o mundo se todo mundo tivesse dinheiro.
De vez em quando Deus parava pra pensar e tentava se lembrar das suas motivações pra criar todas as coisas. Apesar de não existir tempo pra Deus, parecia que tudo tinha acontecido a trilhões de bilhões de anos. Os humanos tinham sido um criação da qual se arrependia quase todo dia quando acordava e via o mundo todo fodido. O dinheiro, que era um invenção humana, assim como tantas outras, era responsável por uma diferença muito grande entre aqueles poucos que tem muito e a maioria que não tem quase nada.
Sempre que tomava banho de chuva, se perguntava: Por que Homem? Por que?
Por ser Deus, ele podia ser qualquer coisa, inclusive ele mesmo, em sua grande consciência de todo, mas geralmente pra vida valer a pena, ele assumia formas e vivia como elas por um determinado período de tempo. Certa vez foi um tijolo por quase sessenta anos. Voltou a viver como humano perto da década de cinquenta, quando a casa da qual viu a segunda guerra da parede, segurando um quadro, foi destruída em teste de foguete mal sucedido.  Como humano, já havia milhares de anos que brincava como homem pela face da terra, e por diversas vezes foi frustrante como agora.
E bateu uma tristeza. Deus se sentou no chão, tomando chuva forte e começou a chorar. Vivendo como ser humano, seus poderes eram limitados ao poder de uma mente humana, que pode praticamente qualquer coisa que a mente de deus, mas em menor escala. E como a mente humana ainda limitava a si própria, com uma coisa chamada inconsciente, que não passava de uma piadinha sacana de Deus, o que podia ser também a origem de todos os problemas da humanidade. De qualquer forma, naquele momento ele podia ser Deus, mas era também humano e não podia fazer nada.
De larica, encharcado, com o carro quebrado e sem dinheiro, fora o fato de achar que um tal Sargente Moraes queria foder com a vida dele. A única coisa que podia fazer era chorar, triste por tudo de errado que já tinha feito. Inconscientemente, Deus era responsável por alguns fatos de grande relevância para todo o mundo. Por exemplo, suas alterações de humor costumavam se manifestar no clima. Raiva, frustração,  arrependimento e tristeza, costumavam gerar chuvas fortes e tempestades destruidoras, que geralmente eram direcionadas para locais no globo, onde costumavam ser mais justas as consequências  Soluçar feito uma menina de tanto chorar, causou um furacão nos EUA, com uma chuva de granizo do tamanhos de bolas de beisebol, que destruiu milhares de casas e matou dez pessoas. Deus sabia que era culpa dele, mas americano é tudo filho-da-puta mesmo.
Confuso, sem saber se era sábado de carnaval ou uma semana depois, um pequeno peidinho derrubou meteoros na Rússia que caíram de um asteroide passando perto da terra. Especialistas acreditam que deus tenha borrado a zorba para ter um efeito tao potente. Outros dizem que chorar causa peidinhos de vez em quando e o próprio Deus fala que o Big Bang foi um peido bem sucedido. Desconsolado e sem saber o que fazer e porque havia criado os homens, sentiu uma vibração na perna esquerda e ouviu tocar ''the rhythm of the night'' da Corona.
Esboçou um sorriso e tirou o smartphone do bolso. Uma imagem bizarra aparecia na tela do seu Samsung Galaxy, com zumbis usando celulares, um boneco de pão-de-ló parecido com o do Shrek, mas em uma versão demoníaca  e o robozinho do android. Atendeu o telefone, era Hitler do outro lado da linha.
- E ae Deusão - disse Hitler com o forte sotaque alemão. - Gostou da música e da imagem personalizada para o meu numero no seu celular?
- Essa bizarrice só podia ser sua mesmo - Deus respondeu seco. - De onde você tira isso?
- É uns lances neo-nazistas - respondeu furtivo. - De uns colegas meus de Ponta Grossa. Cadê você Javé? E minha loira gelada?
- Ah velho, meu carro quebrou, dae quando eu tava fumando um baseado pra relaxar - falou encabulado - um policial bateu no vidro querendo me fazer uma inspeção anal.
- Ficken von Himmels - praguejou o assassino de judeus. - Onde você tá?
- Eu saí correndo - disse O Criador envergonhado enquanto se levantava. - Mas fiquei sem folego e tava sentado na chuva sem saber o que fazer.
- E o policial? - perguntou preocupado o nazista de uma bola só. - Vai pro carro antes que estrague o telefone.
- Tô indo - falou Deus andando na chuva. - O policial foi embora, disse que vai passar em casa domingo.
- Amanhã, semana que vem? - o alemão tava preocupado. - Caralho, fodeu.
- CACETE! - gritou Deus assustado. - CACETE! TEM UM URSO DENTRO DO MEU CARRO!

Deus ouviu o barulho do celular caindo no chão do outro lado da linha, mas estava mais preocupado com o urso pardo sentado no banco do carona, mexendo no porta-luvas como se estivesse faminto ou procurando mel. O mais estranho era o fato do urso vestir uma camisa vermelha, escrito Poof de amarelo no peito. Alguém pegou o telefone no outro lado da linha, também tinha sotaque alemão, mas a voz era outra.
- Como foi? - perguntou o outro alemão no telefone/
- Fred? Fred? - perguntou Deus apressado. - Tem urso dentro do meu carro cara. Puta merda! O que eu faço?
- Prefiro que você me chame de Federico, ao invés de Fred - pontuou Nieztche. - Você usou alguma droga pesada hoje?
- Vai se foder, seu merda - retrucou Deus impaciente. - VEM ME BUSCAR AGORA.

14/02/2013

O que fazer se


Quando você acorda na quinta-feira, sem lembrar do que aconteceu nos últimos 5 dias, geralmente bate um desespero. E foi mais ou menos isso que Deus sentia, ao ser acordado pelo vizinho, pra receber a noticia que sua marmota tinha ficado trancada dentro do carro, cagando e mijando em cima de tudo, além de comer boa parte dos bancos. A dor de cabeça que o acompanhava era tremenda e o fazia lembrar os dias que ele ensaiava com a banda dele no paraíso.
Tentou se lembrar onde havia deixado a chave e lapsos de memória lhe vieram a consciência  vagamente se lembrou que no sábado, pretendia se encontrar com suas deusas loiras e se dar bem, quando os vizinhos apareceram com uma proposta de suruba para o carnaval. Apesar de ter se sentido tentado com a proposta, saiu indignado de casa com a ideia, por ser ele um ser puro e livre do pecado. No caminho pra primeira loira que pretendia o carro quebrou e começou a chover forte. Foi a partir daí que as coisas começaram realmente a ir mal e por isso que ele não se lembrava de muita coisa. Pra aplacar a raiva que o impelia a destruir o palio velho dele, resolveu acender um cigarro do capeta, relaxou e quase esqueceu dos problemas, quando alguém bateu no vidro do carro do lado de fora.
Atemporal que só, do que ia lembrando, lembrava bem, quase que voltando no tempo, ou revivendo a experiencia, mas infelizmente, repetindo exatamente igual. Mesmo que tentasse alterar o passado, ou o futuro, geralmente falhava e quando conseguia, sempre dava merda. Sem saber muito bem o que havia acontecido, ele resolveu que aquela podia ser uma boa oportunidade pra fazer as coisas diferentes.
- Algum problema senhor? - perguntou o policial que havia batido no vidro.
- Não senhor, está tudo ótimo - disse Deus, que percebeu que ainda segurava o baseado na mão e disfarçou, fingindo que estava procurando os documentos no porta-luvas. - O senhor quer ver os documentos do carro?
- O senhor pode abrir o vidro por favor? - perguntou o guarda carrancudo.
- Só um segundo - enquanto remexia no porta-luvas, Deus esqueceu completamente o que estava fazendo e acabou com um cachimbo na mão quando abriu o vidro do carro. - Está chovendo senhor, vou me molhar.
Uma nuvem de fumaça saiu de dentro do carro e inundou o olfato do guarda careca, que soltou um risinho e olhou bravo para Deus.
- Isso é maconha! - disse o guarda inquisitivo. - O senhor está usando drogas enquanto dirige, em pleno carnaval?
- Relaxa Sgt. Moraes - disse Deus lendo o nome na farda. - É só uma ponta Sgt Moraes.
- Documento seu e do veículo agora! - disse o sargento baixinho.

Em toda a sua sabedoria divina, Deus percebeu que naquele momento ele poderia mudar o curso da história. Em suas breves recordações  ele havia tido um problema com o guarda, que achou que o seu documento era falso e acabou sendo preso. O grande problema era que o documento era falso mesmo. Por ser Deus e resolver viver como nômade na terra como um ser humano, ele não era de lugar nenhum, tinha muitas aparências e culturas diferentes, além do fato de não ter nome nenhum. Por isso, sempre que estava vivendo em algum lugar, principalmente por gostar de filmes de agente secreto, comprava ou mandava fazer muitos documentos falsos diferentes, com nomes e nacionalidades de todos os tipos, o que acabou por gerar um conflito com o guarda, que não acreditou na credibilidade do nome José Maria Barbuda. Dessa vez ele escolheu outro documento, que não deixava margem pra erros.

- Muito bem Senhor Deus da Silva - disse o guarda com sarcasmo. - Seu carro tá com o IPVA atrasado, o licenciamento é do ano passado e tem duas multas vencidas. Saia do carro imediatamente.
- Tudo isso por causa de uma ponta Sargento? - perguntou Deus inocentemente enquanto descia do carro. -  Tá muito estrassado.
- O senhor está dirigindo sobre o efeito de drogas - disse o baixinho, careca e invocado. - E desrespeitando um policial.
- Peraí, como assim? - Deus estava confuso.
- Eu vou revistar o carro procurando drogas - disse o guarda enquanto revistava Deus, que estava com as mãos no capo do carro - e se eu não achar nada, vou ter que fazer uma inspeção anal no senhor.
- Opa, aí não - Deus já estava se arrependendo amargamente por tentar mudar o passado. - Você vai pro inferno se chegar perto do cu de Deus.
- HAHAHAHA - o sargento riu como se fosse o próprio Diabo. - Enquanto o senhor estiver fora da lei e eu for um policial, EU SOU DEUS. HAHAHAHA. É o senhor que vai pro inferno.

Um raio forte caiu, um estrondo assustador se ouviu e num piscar de olhos Deus sumiu da vista do policial, que o avistou correndo desesperadamente um pouco pra frente. E Deus correu. Correu como nunca havia feito em toda sua existência. Sentia no peito as gotas geladas de chuva molhando sua camisa roxa aberta pela metade. As havaianas brancas no pé diminuam a velocidade do pique e quase o faziam tropeçar, mas ele não conseguia pensar em outra coisa além de correr. Barbudo como só ele, por um breve periodo se sentiu como Forrest Gump cruzando o país a pé. Em sua cabeça ouvia todos os anjos gritando juntos em uníssono ''RUN GOD, RUN'' ou ''SAVE YOUR ASS''. Mas essa visão durou pouco tempo, já que além de gordo, era fumante de cachimbo e charuto desde o final do séc. XIX, quando foi amigo de Freud, e acabou ficando sem folego depois de correr pouco mais de uma quadra. Enquanto sentia os pulmoes arder e se arrastava pela estrada sem olhar pra trás, o sargento passou com a viatura do seu lado:
- Vou dar uma batida na sua casa amanhã Deus - falou ameaçador.- Se cuida.

Deus ainda não se lembrava do que havia acontecido daí pra frente, mas como ele havia alterado o curso da história, estava desesperado pra saber o que ele podia ter feito de pior naquele carnaval.

Hit the road

"Pegue a estrada Jack" foi o que meus pais me disseram numa tarde de quarta-feira, em um janeiro qualquer. A princípio eu não entendi o que estava acontecendo, mas sai de casa e caí no mundo. Me senti perdido, confuso, sem saber pra onde ir, mas não desisti, essa ideia também não fazia sentido. Comprei um chapéu e um óculos escuros, levei meu violão, um livro, caderno e lápis. Na mochila que eu levava nas costas eu tinha algumas camisas, além de uma calça extra e uma toalha. Nos pés eu usava um sapato confortável e caminhei.
Com o pouco dinheiro que eu tinha na carteira sobrevivi uma semana pegando carona na beira da estrada e dormindo em motéis baratos. Quando meu pai cortou o cartão de crédito que eu tinha, o desespero bateu e liguei pra casa buscando reconciliação.  "Não volte nunca mais" foi a resposta do meu pai no telefone. Foi então que eu descobri meu chamado, sobrevivendo da caridade alheia voltei a acreditar em Deus e que as pessoas  são capazes de fazer o bem e que ainda há boa vontade no coração dos humanos, de forma pura.
Todas as pessoas que cruzei me ajudaram a encontrar o verdadeira caminho da luz, que me ilumina até os dias de hoje e que me fortalecem ao cumprir a vontade de Deus para com os homens.
Naquele momento de dúvida e apreensão busquei pela orientação divina e ele me mostrou pra onde devia ir e o que fazer, mas os modos como Deus opera são realmente estranhos. Fui pra beira da estrada pegar carona e um conversível preto me levou até uma cidade litorânea.  Lembro bem da sensação de liberdade no fundo do peito enquanto sentia o vento no cabelo. Pra melhorar o motorista era uma linda morena que me levou para um quarto de hotel quando chegamos na cidade mais próxima. Perdi minha virgindade nesse dia, ao surpreender aquela moça desprevenida com o meu pinto de 20 centímetros atolado no cu dela. Mais tarde deus me revelou que ela era um traveco e que eu havia sido enganado, a experiencia da verdade me trouxe a sabedoria do conhecimento, nunca mais deixei uma mulher me vendar depois disso, muito menos enfiar coisas no meu rabo.
Mas em momento algum duvidei que deus estava me guiando para a salvação  como diz o ditado, ele escreve certo em linhas tortas. E foi isso mesmo que fez. Quando sai do hotel feliz da vida, encontrei com um palhaço na rua, fazendo propaganda de uma companhia de circo na cidade, O Circo do Paraíso. Foi através dele que eu encontrei deus e abandonei minha antiga religião  o Jedaísmo. Até então eu era Jedi, mas me tornei um instrumento de deus. O palhaço era muito familiar.
- Bom dia - disse o palhaço animado
- Bom dia - acenei com o chapéu em resposta, radiante como alguém que tinha acabado de fazer sexo anal.
- Comeu o traveco? - perguntou o palhaço dando risada.
Foi naquele momento que eu descobri a verdade reveladora proporcionada por deus através da boca amarela daquele palhaço bizarro com bigodinho do Chaplin.
- NÃOOOOO!!! - gritei do fundo da minha alma, querendo que aquilo não fosse uma triste verdade.
- HaHAHAHahahAHAh - o palhaço ria destemidamente enquanto eu caia de joelhos e erguia a mão para os céus.
- PORQUE? PORQUE SER TAO CRUEL COMIGO DEUS?
- Hey garoto - disse o integrante do circo enquanto eu começava a chorar e tentava me matar com as próprias mãos - Deus não tem nada a ver com isso.
- Se-sério? - perguntei soluçando.
- NÃO HAHAHA, DEUS QUER TE FODER MESMO.
- Seu palhaço idiota - respondi sem pensar e quando vi ele estava chorando.

13/02/2013

E o papa levou

Bento XVI entrou pela porta, com suas vestimentas santas e espirrando água benta  na direção de Jesus, que estava mais perto da porta que Deus. "Sai, sai", gritava ele fazendo o sinal da cruz e batendo com uma bíblia gigante na testa do filho de Deus. Nesse meio tempo escutaram um estrondo forte, vindo do apartamento ao lado, quando saíram no corredor pra ver o que era, a porta do vizinho se escancarou e uma fumaça preta começou a sair. Do meio da fumaça saiu uma figura pelada e peluda, de pau duro e com uma camisinha azul florescente.
- Tarde piazada.- disse o vizinho usando somente a camisinha colorida.
- Que bonitinho - disse Bento XVI abraçando a bíblia.
- Se comporte, seu pederasta inveterado! - disse Deus ranzinza. - E que porra é essa?
Ouviram mais um estrondo e uma nova torrente de fumaça saiu fortemente pela porta. Do meio da fumaça surgiu um homem, muito parecido com o desenho do Freakazóide, mas invés de usar colã vermelho e ter cabelos preto, era o contrário. Usava uma roupa de couro preto brilhante, bem colada no corpo até o pescoço. A roupa envolvia o saco escrotal do ser, mas deixava seu pinto de fora, que também estava duro, mas com uma camisinha vermelha que parecia deixar o órgão do ser em chamas. Seu cabelo era vermelho, seus olhos eram esbugalhados e vidrados. Andava imitando uma galinha, batendo asas com os braços e parou ao lado do outro homem nu. Gritaram juntos:
- CARNAVAL!! - os dois começaram a pular e sacudir as espadas de São Jorge.
- MAS QUE PUTARIA É ESSA? - Berrou Deus indignado e provocando um trovão com um soco no ar. -  Isso aqui ta virando folia, tá vendo o porque eu falo desses seus amigos Jesus?
- Pai - interveio o Cristo - Pelo menos eles estao protegidos para o Carnaval.
- É Carnaval - disse o cara com a roupa de couro preto com um imenso jota branco no peito, dando um abraço apertado em Deus. - Vamos festar e se divertir, se dar bem na pegaçao e quem sabe até contrair uma DST.
- Carnaval de cu é rola - disse Deus furioso, empurrando o maluco pra longe. - Eu sou deus cara, se toca, um mero mortal que nem você nao pode ficar encostando essa pica em mim não. Eu pretendo me dar bem, to indo buscar uma loira pra vir aqui em casa em casa.
- Ae Deusão, se deu bem - disse o pelado peludo. - Vai afogar o ganso divino na sopa de xana então. É como eu sempre digo, o importante é por pra dentro.
- Iii Pai - disse Jesus sem jeito. - Eu chamei uns amigos e umas vadias pra vir aqui em casa e tals, tomar um vinho, comer um pão, talvez uma buceta.
- Vai vir algum garotinho? - perguntou Bento XVI.
- Porra Papa - falou Deus. - Já falei pra você se controlar.
- Mas é Carnaval - disse o velho ornamentado como quem não quer nada. - Nem uma chupetinha?
- NÃO! - Gritou Deus e mais um trovão ecoou no céu. - Você é foda Jesus, já não sabe que eu gosto de paz quando vou comer minhas loiras?
- Você é um galinha, isso sim - devolveu J.C. - Traçando várias ao mesmo tempo e recriminando o carnaval da galera.
- Eu sei como resolver isso - disse o doido de cabelo vermelho. - Vamos fazer uma suruba de carnaval e ninguém sai perdendo.
- Uhull!! Gritaram todos concordando, inclusive o papa.
- Tá bom - concordou Deus. - Mas eu nao quero viadagem, tá entendido Sr Bento XVI?

Subitamente uma porta se abriu no apartamento de Deus e o Arcanjo Rafael saiu, acompanhado de uma densa fumaça. Também estava com uma barba desgrenha e preta como a deus, com o cabelo escuro coberto por um gorro parecido com o do Chavez e com uma camiseta do Metallica. Foi até o corredor e perguntou:
- Alguém tem seda? - perguntou o anjo sem notar as pessoas peladas.
- Ô Rafael, já não te mandei pro inferno? - perguntou Deus. - O que você ainda tá fazendo aqui?
- Acabou minha seda Senhor dos Exércitos - respondeu tranquilamente.
- Faz quase um ano que eu te mandei pro inferno porra - disse deus perdendo a paciência. - Fiquei quase 3 meses esperando você voltar, seu maldito, nem sabia que você tava no meu apartamento.
- Eu to comendo a empregada - o anjo soltou um risinho maroto.
- A loira manca sem um olho e uma orelha? - perguntou o cara da camisinha azul brilhante.
- Aham - concordou o anjo.
- Aquela que parece pirata? - o maluco do cabelo vermelho estava atônito e incrédulo. - Sempre quis pegar ela.
- Essa fumaça saindo do nosso apartamento é de umas bombas de haxixe que a gente fez - disse o peludo nu. - Se quiser chegar aqui em casa pra ficar bem chapado é só entrar, mas não dá pra ver nada.
- Tem brigonha nuns pratinhos pelo chão, um barril de chopp e alguns tonéis de vinho - o cara com a roupa sadomasoquista completou animado, passando a língua na boca como um psicótico faminto. - Tem farinha também e as meninas ficaram de dar o bolo, mas já tem três vadias desmaiadas no sofá.
- Adoro mulheres desmaiadas - o anjo foi animado na direção do apartamento vizinho. - Faltou uma bebida destilada só, mas a Clea tem bastante vodka caseira.
- Vai ter garotinhos? - O Papa perguntou desconsolado. - Festival da Carne e dizem que o Brasil é cheio das churrascarias e até agora nada da minha vitela.
Todos estavam indo para a direção do apartamento vizinho, continuando a conversa descontraidamente, mas Deus ainda não estava satisfeito, não era uma suruba e curtição que ele queria, e sim, um encontro com suas deusas loiras. Por isso resolveu aproveitar o momento pra sair sorrateiramente. Apertão o botão do elevador e aguardou ele chegar enquanto os outros davam risada de alguma coisa no chão perto da porta.
Quando a porta abriu, Deus viu Hitler usando um shorts preto curto, uma regata azul bebê, um tenis de corrida e meia fofas, com uma faixa amarela segurando os cabelos ralos da testa.
- E aí Deus - disse o nazista, que se mexia no mesmo lugar como se estivesse correndo. - Indo comer a loira da manhã?
- Tentando - Deus respondeu entrando no elevador. - A turma aí tá impossível hoje.
- Carnaval é complicado - disse o alemão indo para o corredor e olhando no relógio. - Sempre acaba morrendo alguém. E aí galera - acenou para os outros e olhou pra deus enquanto ia na direção dos outros. - Já que você entende de loira, traga uma gelada pra nós!

12/02/2013

Vá para o inferno

Rafael estava de pé e acordado. Muito de vez em quando ele andava nu por alguns lugares, enquanto dormia profundamente. No dia 1° de abril de 2011 ele assassinou uma pessoa e deus passou a se preocupar mais com ele depois disso. Ele era o grande anjo guerreiro dos céus, o mais poderoso e brilhante dos generais. Verdade seja dita, sua forma humana era decadente, aparência triste e cansada, com olhar robótico de maluco. Um olho parecia mais caído que o outro, o que lhe dava uma espécie de superpoder em que podia entrar na cabeça das pessoas, coisa que fazia frequentemente com pequenas garotinhas por pura diversão.
Dessa vez fora encontrado em uma pequena casa quase caindo aos pedaços, sem energia elétrica, com um bambusal na parte de trás e um grande gramado com arvores caintes na parte da frente. O vizinho mais próximo tinha um poodle e um bebe, ele tinha um gato e um ponêi. Os vizinhos da frente eram malucos, da esquerda um serralheria e a direita, lá longe, uma convidativa escola.
Deus estava furioso, tinha feito cagada e precisava da ajuda do Arcanjo Rafael para resolver as coisas. Tinha que voltar para o inferno e fechar uma porta que deixou aberta, fora o fato de que ele tinha que pegar algumas coisas que estavam por lá. Demorou muito tempo para acordar o rapaz.
- VÁ PRA INFERNO! - gritou deus nos ouvidos do anjo barbudo quando ele retomou a consciência  perdida pela terceira vez em meia hora. Deus estava ficando extremamente impaciente.
- Desculpe Senhor Todo Poderoso Repleto de Luz e Sabedoria - Rafael sabia que esses floreios deixavam Deus mais calmo, atingiam diretamente no seu pequeno ego inflado presente em todas as coisas. - O que o Soberano Perfeito Criador Magnífico estava dizendo?
- MAS QUE PORRA - Deus berrava enquanto se esperneava de raiva pela sala, chutando coisas ou gatos pelo chão. - JÁ TE FALEI PRA VOCÊ PARAR DE FALAR ESSAS MERDAS. NÃO TÁ ME OUVINDO, CARALHO?
- Eu ainda não entendi porque eu tenho de ir ao inferno ó Majestoso Excelentíssimo Senhor Cheio de Glória - respondeu o anjo confuso, enquanto começava a bolar um baseado em cima da mesa da cozinha. - O que exatamente o Santíssimo Senhor do Exércitos quer que eu faça?
Deus deu um tapa na mesa e no exato momento um trovão soou forte e começou a chover. A erva do anjo guerreiro se espalhou pelo chão.
- Isso não é hora pra fumar maconha disse deus, o negócio é sério - disse Deus.
- Pô Divino Senhor dos Céus - o anjo retrucou sentido enquanto brigava com o gato pra recuperar o que havia caído. - Serviço de preto hein?
- É brincadeira - disse Deus inconformado - eu devo ter jogado pedra na cruz.
- Três - disse o anjo. - O Senhor conseguiu acertar a testa, mas Jesus já tava morto. Eu fiz questão de acertar o saco enquanto ele estava vivo.
- CALA A BOCA RAFAEL - esbravejou o criador, aumentando a força do vento e transformando a chuva em tempestade. - Essa lista aqui - Deus mostrou um pequeno papel, parecido com comprovante de cartao de credito, com tres palavras escritas. - Isso que eu quero do inferno.
O anjo pegou o papel, leu os tres itens em voz alta e ficou passando os dedos no papel. Nesse meio tempo teve um pequeno derrame cerebral, seu corpo fisico estava muito avariado devido ao uso de drogas. Em seu lapso de segundos, viu uma sangrenta batalhas de robos, que se destruiam enquanto espalhavam sangue em um gramado verde. Ele adorava aquela combinaçao de cores, verde grama com vermelho sangue, mas é claro que o vermelho tinha que ser de sangue mesmo, qualquer outra coisa seria inaceitavel. Apercebeu-se então que robos nao sangram, momento este que o fez perceber que haviam pessoas dentro das maquinas e eram elas quem sangravam. Um missel acertou um robo guerreiro com formato de geladeira, causando uma explosao de sangue que pareceu fogos de artificios para o anjo e entao tudo se apagou. Quando voltou a si, deus ainda andava de um lado para o outro, preocupado e nervoso, enquanto ele terminava de bolar seu baseado naquele papel de comprovante da lista que deus lhe dera. Colocou o fino na boca, acendeu, deu uma tragada e voltou sua atençao pra deus, que continuava o sermao:
- ... por isso que essa lista é importante - disse deus mais calmo e a chuva quase parando.
- Que lista? - perguntou Rafael, passando o baseado pra deus.
- A lista das coisas que eu quero do inferno - respondeu o divino enquanto dava uma bola. - Acabei de te entregar, parecia um comprovante de banco.

O mero descaso

Mesmo um abraço ou qualquer outra coisa bonitinha, de que as mulheres gostam, como pôneis e carinho. Iemanjá é a deusa do mar, pra ela seria um golfinho ou talvez um cavalo marinho, mas que seja. Qualquer coisa incrìvel como está não seria capaz de segurar em seu lugar, o nosso deus. Aquele que gosta de viver aventuras e fazer cagadas, tornando a vida muito mais divertida e regozijante. Eis a benção de ser deus, poder fazer o que quiser. Mas por vezes deusas daqui ou dacolá querem que deus fique em casa vendo um filme, ou fazendo sexo selvagem e bizarro, ou até mesmo limpando a casa.

09/02/2013

O homem que amava a todas as mulheres

Deus quando tá de férias fica muito de bobeira, sem ter o que fazer. E como em toda a sua existência só trabalhou durante seis dias e entrou de férias desde então  Deus acaba ficando muito tempo atoa. Pra matar o tempo, de tempos em tempos ele escreve, ou manda alguém escrever (o maldito é preguiçoso que só), como aconteceu com a bíblia. De alguns anos pra cá ele tem me incomodado, dizendo que eu sou Deus e que eu tenho que escrever. Eu fui relutante no início, mas ele fala demais dentro da minha cabeça e quando quer ser chato, não há quem aguente sem enlouquecer. Eis que enlouqueci e passei a contar a vida de Deus em palavras.
Muita gente se confunde e por isso eu gosto de deixar bem claro, que Deus é uma espécie de consciência absoluta, completamente incompreensível para os humanos, que faz o que quer quando bem entende. Recentemente tem passado alguns dias no Brasil, trabalhando no correio até ser despedido ou viajando com um grupo Hippies de companheiros que ele mesmo trouxe a vida de volta, pelo simples capricho de gostar das suas companhias.
Atualmente ele vivia como um homem que amava todas as mulheres. Com aparência de já ter uma certa idade, com uma pança charmosa, uma barba grande desgrenhada e um cabelo rebelde, aquela imagem de Deus era muito diferente da que qualquer pessoa imaginaria. E graças as conversas com o Hippie J.C., que por coincidência era seu filho, Deus estava numa onde de paz e amor como nunca esteve, deixando o mundo se foder sem pensar, mas dizendo que amava todo mundo, principalmente as mulheres. A principal prova disso era o fato de ter contratado uma mulher manca da perna esquerda, sem um olho e uma orelha, loira e magra, mas que recebia salário minimo como grande parte do mundo, mesmo não fazendo 69.
Já logo cedo no Carnaval, ele saia pronto pro abate, com uma camisa roxa com os botoes abertos até a metade, mostrando o peito peludo e sensual, com a chave do carro na mao. Quando foi sair Jesus o interceptou:
- Pai, você acha certo isso que você ta fazendo? - perguntou Jesus.
- Isso o que meu filho? - disse Deus como quem não quer nada.
- Esse teu negócio com essas loiras aí - disse o Cristo. - Isso é pilantragem.
- Eu sou adepto do amor livre meu filho - respondeu O Criador solenemente.
- Ah velho, você tá é de sacanagem com essas mulheres - disse J.C. com descaso. - Você só quer comer que eu sei.
- Hey, olha o respeito comigo hein, eu sou Deus esqueceu? - disse O Todo Poderoso indignado.
- Eu sou Jesus Cristo, o filho de Deus, grandes coisas - ele respondeu dando de ombros.
- Não é só comer não filho - disse Deus com olhar terno. - Eu amo essas mulheres, eu amo todas elas.
- E elas sabem que você ama várias mulheres ao mesmo tempo? - perguntou Jesus com desconfiança.
- Não, claro que não - respondeu Deus apressado. - Nem podem saber, entendeu?
- Você fica com uma loira de manha, uma de tarde e outra de noite - o filho de Deus falou. - Isso é pecado, se o mundo fosse justo, você iria pro inferno.
- Olha a maneira que você fala com deus muleque, eu que vou te mandar pro inferno que nem eu fiz com o seu irmão - falou deus nervoso. - Ta precisando lavar essa tua boca com água benta e sabão.