Para Deus, todos os dias são praticamente iguais. São raros os momentos verdadeiramente marcantes na vida do Criador de Tudo. O Big Bang foi um deles, já que foi o nascimento Dele. Duas vezes ele acidentalmente derrubou coisas no planeta terra e se lembrava bem disso. Uma das vezes passava por perto com um sorvete, que acabou causando uma era do gelo no nosso planeta. Outra das vezes jogava ping-pong contra Jesus e acabou dando uma cortada que atingiu a terra e extinguiu os dinossauros. O mecanismo de defesa do Criador, em situações de emergências costumava ser algo bem interessante e estranho, chuva.
Uma vez ele próprio virou chuva e caía sem querer das nuvens repetidamente todos os dias, por milhares de anos. A sensação era como cair de cara no chão, coisa que aconteceu também, quando foi uma criança mal cuidada pelos pais.
Atualmente Deus estava no corpo de um jovem brasileiro de vinte e poucos anos e apesar de ter acordado de bom-humor, havia chovido o dia inteiro. Quando saiu de manhã atrás da sua deusa loira, já estava chovendo. Quando seu palio velho estragou, ele quase se afogou na chuva andando de bike. A meia-noite desse dia, ele trouxe de novo a vida os mortos, que andavam pelas ruas em pleno carnaval, dançando na chuva. Mesmo que ela não fosse intencional, Deus devia ter percebido que aquilo não era um bom sinal.
Passou o dia todo se fodendo pra chegar em casa e dar de cara com uma festa, organizada por Jesus Cristo, que não havia pedido a permissão do Todo Poderoso, que aliás estava muito insatisfeito com a quantidade de pessoas. Desde o gramado na frente do prédio dele, preenchendo todos os corredores, até o seu apartamento e o vizinho no nono andar. Na área de festas na cobertura tava rolando um luau com um bando de hippies.
Chegou pronto pra dar um esporro na galera quando apercebeu-se de uma garota linda e sexy, usando única e exclusivamente uma lingerie vermelha, escrito "Kinder Bueno" na calcinha. Como se estivesse enfeitiçado, começou a dançar em volta dela, mesmo depois de ouvir o aviso de J.C. de que ela tinha apenas quinze anos e Ele todos. Ao passar pela divina cabeça um meio de aproximação, viu também um lampejo de fogo nos olhos da menina. Se tivesse olhado com atenção ao invés de desejo, teria notado que o Capeta estava no corpo dela.
Não que isso fosse fazer qualquer diferença afinal, porque naquele momento tocaram em seu ombro e quando virou-se o coração parou por um instante. Era o Sargento Moraes. Viu-se um relâmpago luminoso e tudo ficou em silêncio e escuro até a chegada do estrondoso trovão. Começou a chover dentro dos apartamentos.
- Opa - falou o Sargento baixinho e careca. - Pelo visto tem problema nos encanamentos por aqui.
Deus ainda estava sem reação, perplexo e quase cagado nas calças. No dia anterior o mesmo guarda tinha dado uma multa de mais de mil reais pra ele e agora estava dentro da sua própria casa no carnaval, quase flagrando o momento em que ele ia tentar pegar uma garota menor de idade. Como Deus era homem e não podia chorar, geralmente era por isso que chovia muito em momentos de desespero. Deus chorava pelo clima ao seu redor, um nítido indicador do seu humor.
- E então Sr. Deus - continuou o policial de cassetete na mão. - Não falei que ia te fazer uma visita? Não vai me dar as boas vindas?
Nesse momento o DJ Lokão, um garoto de 17 anos fantasiado de Rainha de Bateria, que estava tocando na festa, mas tinha desmaiado depois de um breve surto psicótico, voltou a vida. Levantou de sobressalto onde tinha sido deixado quase morto e começou a andar de um lado para o outro como se imitasse uma galinha. O que ninguém sabia até então, era que na verdade quando Deus chegou no lugar, o loirinho teve um susto tão perto e tão forte que não desmaiou, morreu. Mas o que as pessoas na festa também não sabiam, era o fato dos mortos vivos estarem de volta a vida, coisa que nem Deus sabia porque estava acontecendo. Ao contrário do que se pensa sobre zumbis, aqueles que andavam pelas ruas no carnaval, não tinham fome de cérebros, como mostram os filmes, mas na verdade sentiam uma imensa vontade de fumar maconha, o que era até normal acontecer no carnaval.
- MACONHA! MACONHA! - gritava o DJ Lokão enquanto batia os braços. - EU QUERO MACONHA! AGORA!
- AAhhhhhh - disse o Srgt virando pra direção do loiro que parecia mulher. - Então sua turminha é disso? É disso que Deus gosta, desses viado que fumam maconha?
Nesse momento Deus pirou. No mundo real, J.C. apareceu tentando conter a rainha de bateria. Do quarto ao lado saiu um cara pelado, usando uma camisinha azul e um cara de cabelo vermelho, usando um roupa de masoquista preta em todo o corpo, deixando de fora somente a pica, protegida por uma camisinha vermelha. O policial teve a atenção desviada, mas em sua cabeça Deus tava longe.
Voltou a ser criança, brincando em dias de chuva com barquinhos de papel. Tudo parecia tão fácil e simples naquela vida, que naquele momento parecia ter milhares de anos de diferença, e talvez tivesse mesmo. Seria maravilhoso se tudo voltasse ao normal, se pudesse ser tão feliz quanto era naquele tempo, criando coisas de papel ao invés de barro, carne e osso. Em suas várias experiencias como humano, não podia dizer que as dificuldades não existiram, ou que passou por elas com tranquilidade.
Uma vez foi um garoto atlético e eufórico, que em uma brincadeira com os amigos, apostou que poderia saltar do ponto mais alto de uma cachoeira e sair ileso. Sabendo que era Deus, julgou que nada aconteceria, mas caiu de cabeça numa pedra e ficou paraplégico, além de muito feio e impotente. Não conseguiu se livrar daquele corpo até ele morrer com 93 anos de idade. Suas 38 tentativas de suicídio foram frustradas, principalmente pelo fato de só ter movimento com as sobrancelhas. Aquela vida foi um verdadeiro inferno, já que se acidentou aos 13 e desde então nunca saiu da cadeira de rodas.
Mas a ideia de um dia em uma penitenciaria brasileira era mais assustadora que a existencia do próprio inferno. Sem reação e consciencia do que se passava, voltou a si e viu uma confusão em torno do DJ viado. J.C. estava do lado do maluco, segurando um copo de agua e um baseado e o Coringa ria descontroladamente do lado. O policial tinha desviado sua atenção de Deus por um instante enquanto dava batida em cinco malucos que tinham chegado num Uno prata. Foi nesse momento que Deus aproveitou para desaparecer como num passe de mágica, tirou do bolso uma capa de invisibilidade e foi pro lugar onde tava rolando o luau se esconder.
Uma vez ele próprio virou chuva e caía sem querer das nuvens repetidamente todos os dias, por milhares de anos. A sensação era como cair de cara no chão, coisa que aconteceu também, quando foi uma criança mal cuidada pelos pais.
Atualmente Deus estava no corpo de um jovem brasileiro de vinte e poucos anos e apesar de ter acordado de bom-humor, havia chovido o dia inteiro. Quando saiu de manhã atrás da sua deusa loira, já estava chovendo. Quando seu palio velho estragou, ele quase se afogou na chuva andando de bike. A meia-noite desse dia, ele trouxe de novo a vida os mortos, que andavam pelas ruas em pleno carnaval, dançando na chuva. Mesmo que ela não fosse intencional, Deus devia ter percebido que aquilo não era um bom sinal.
Passou o dia todo se fodendo pra chegar em casa e dar de cara com uma festa, organizada por Jesus Cristo, que não havia pedido a permissão do Todo Poderoso, que aliás estava muito insatisfeito com a quantidade de pessoas. Desde o gramado na frente do prédio dele, preenchendo todos os corredores, até o seu apartamento e o vizinho no nono andar. Na área de festas na cobertura tava rolando um luau com um bando de hippies.
Chegou pronto pra dar um esporro na galera quando apercebeu-se de uma garota linda e sexy, usando única e exclusivamente uma lingerie vermelha, escrito "Kinder Bueno" na calcinha. Como se estivesse enfeitiçado, começou a dançar em volta dela, mesmo depois de ouvir o aviso de J.C. de que ela tinha apenas quinze anos e Ele todos. Ao passar pela divina cabeça um meio de aproximação, viu também um lampejo de fogo nos olhos da menina. Se tivesse olhado com atenção ao invés de desejo, teria notado que o Capeta estava no corpo dela.
Não que isso fosse fazer qualquer diferença afinal, porque naquele momento tocaram em seu ombro e quando virou-se o coração parou por um instante. Era o Sargento Moraes. Viu-se um relâmpago luminoso e tudo ficou em silêncio e escuro até a chegada do estrondoso trovão. Começou a chover dentro dos apartamentos.
- Opa - falou o Sargento baixinho e careca. - Pelo visto tem problema nos encanamentos por aqui.
Deus ainda estava sem reação, perplexo e quase cagado nas calças. No dia anterior o mesmo guarda tinha dado uma multa de mais de mil reais pra ele e agora estava dentro da sua própria casa no carnaval, quase flagrando o momento em que ele ia tentar pegar uma garota menor de idade. Como Deus era homem e não podia chorar, geralmente era por isso que chovia muito em momentos de desespero. Deus chorava pelo clima ao seu redor, um nítido indicador do seu humor.
- E então Sr. Deus - continuou o policial de cassetete na mão. - Não falei que ia te fazer uma visita? Não vai me dar as boas vindas?
Nesse momento o DJ Lokão, um garoto de 17 anos fantasiado de Rainha de Bateria, que estava tocando na festa, mas tinha desmaiado depois de um breve surto psicótico, voltou a vida. Levantou de sobressalto onde tinha sido deixado quase morto e começou a andar de um lado para o outro como se imitasse uma galinha. O que ninguém sabia até então, era que na verdade quando Deus chegou no lugar, o loirinho teve um susto tão perto e tão forte que não desmaiou, morreu. Mas o que as pessoas na festa também não sabiam, era o fato dos mortos vivos estarem de volta a vida, coisa que nem Deus sabia porque estava acontecendo. Ao contrário do que se pensa sobre zumbis, aqueles que andavam pelas ruas no carnaval, não tinham fome de cérebros, como mostram os filmes, mas na verdade sentiam uma imensa vontade de fumar maconha, o que era até normal acontecer no carnaval.
- MACONHA! MACONHA! - gritava o DJ Lokão enquanto batia os braços. - EU QUERO MACONHA! AGORA!
- AAhhhhhh - disse o Srgt virando pra direção do loiro que parecia mulher. - Então sua turminha é disso? É disso que Deus gosta, desses viado que fumam maconha?
Nesse momento Deus pirou. No mundo real, J.C. apareceu tentando conter a rainha de bateria. Do quarto ao lado saiu um cara pelado, usando uma camisinha azul e um cara de cabelo vermelho, usando um roupa de masoquista preta em todo o corpo, deixando de fora somente a pica, protegida por uma camisinha vermelha. O policial teve a atenção desviada, mas em sua cabeça Deus tava longe.
Voltou a ser criança, brincando em dias de chuva com barquinhos de papel. Tudo parecia tão fácil e simples naquela vida, que naquele momento parecia ter milhares de anos de diferença, e talvez tivesse mesmo. Seria maravilhoso se tudo voltasse ao normal, se pudesse ser tão feliz quanto era naquele tempo, criando coisas de papel ao invés de barro, carne e osso. Em suas várias experiencias como humano, não podia dizer que as dificuldades não existiram, ou que passou por elas com tranquilidade.
Uma vez foi um garoto atlético e eufórico, que em uma brincadeira com os amigos, apostou que poderia saltar do ponto mais alto de uma cachoeira e sair ileso. Sabendo que era Deus, julgou que nada aconteceria, mas caiu de cabeça numa pedra e ficou paraplégico, além de muito feio e impotente. Não conseguiu se livrar daquele corpo até ele morrer com 93 anos de idade. Suas 38 tentativas de suicídio foram frustradas, principalmente pelo fato de só ter movimento com as sobrancelhas. Aquela vida foi um verdadeiro inferno, já que se acidentou aos 13 e desde então nunca saiu da cadeira de rodas.
Mas a ideia de um dia em uma penitenciaria brasileira era mais assustadora que a existencia do próprio inferno. Sem reação e consciencia do que se passava, voltou a si e viu uma confusão em torno do DJ viado. J.C. estava do lado do maluco, segurando um copo de agua e um baseado e o Coringa ria descontroladamente do lado. O policial tinha desviado sua atenção de Deus por um instante enquanto dava batida em cinco malucos que tinham chegado num Uno prata. Foi nesse momento que Deus aproveitou para desaparecer como num passe de mágica, tirou do bolso uma capa de invisibilidade e foi pro lugar onde tava rolando o luau se esconder.
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