Pergunte pra Deus

14/02/2013

Hit the road

"Pegue a estrada Jack" foi o que meus pais me disseram numa tarde de quarta-feira, em um janeiro qualquer. A princípio eu não entendi o que estava acontecendo, mas sai de casa e caí no mundo. Me senti perdido, confuso, sem saber pra onde ir, mas não desisti, essa ideia também não fazia sentido. Comprei um chapéu e um óculos escuros, levei meu violão, um livro, caderno e lápis. Na mochila que eu levava nas costas eu tinha algumas camisas, além de uma calça extra e uma toalha. Nos pés eu usava um sapato confortável e caminhei.
Com o pouco dinheiro que eu tinha na carteira sobrevivi uma semana pegando carona na beira da estrada e dormindo em motéis baratos. Quando meu pai cortou o cartão de crédito que eu tinha, o desespero bateu e liguei pra casa buscando reconciliação.  "Não volte nunca mais" foi a resposta do meu pai no telefone. Foi então que eu descobri meu chamado, sobrevivendo da caridade alheia voltei a acreditar em Deus e que as pessoas  são capazes de fazer o bem e que ainda há boa vontade no coração dos humanos, de forma pura.
Todas as pessoas que cruzei me ajudaram a encontrar o verdadeira caminho da luz, que me ilumina até os dias de hoje e que me fortalecem ao cumprir a vontade de Deus para com os homens.
Naquele momento de dúvida e apreensão busquei pela orientação divina e ele me mostrou pra onde devia ir e o que fazer, mas os modos como Deus opera são realmente estranhos. Fui pra beira da estrada pegar carona e um conversível preto me levou até uma cidade litorânea.  Lembro bem da sensação de liberdade no fundo do peito enquanto sentia o vento no cabelo. Pra melhorar o motorista era uma linda morena que me levou para um quarto de hotel quando chegamos na cidade mais próxima. Perdi minha virgindade nesse dia, ao surpreender aquela moça desprevenida com o meu pinto de 20 centímetros atolado no cu dela. Mais tarde deus me revelou que ela era um traveco e que eu havia sido enganado, a experiencia da verdade me trouxe a sabedoria do conhecimento, nunca mais deixei uma mulher me vendar depois disso, muito menos enfiar coisas no meu rabo.
Mas em momento algum duvidei que deus estava me guiando para a salvação  como diz o ditado, ele escreve certo em linhas tortas. E foi isso mesmo que fez. Quando sai do hotel feliz da vida, encontrei com um palhaço na rua, fazendo propaganda de uma companhia de circo na cidade, O Circo do Paraíso. Foi através dele que eu encontrei deus e abandonei minha antiga religião  o Jedaísmo. Até então eu era Jedi, mas me tornei um instrumento de deus. O palhaço era muito familiar.
- Bom dia - disse o palhaço animado
- Bom dia - acenei com o chapéu em resposta, radiante como alguém que tinha acabado de fazer sexo anal.
- Comeu o traveco? - perguntou o palhaço dando risada.
Foi naquele momento que eu descobri a verdade reveladora proporcionada por deus através da boca amarela daquele palhaço bizarro com bigodinho do Chaplin.
- NÃOOOOO!!! - gritei do fundo da minha alma, querendo que aquilo não fosse uma triste verdade.
- HaHAHAHahahAHAh - o palhaço ria destemidamente enquanto eu caia de joelhos e erguia a mão para os céus.
- PORQUE? PORQUE SER TAO CRUEL COMIGO DEUS?
- Hey garoto - disse o integrante do circo enquanto eu começava a chorar e tentava me matar com as próprias mãos - Deus não tem nada a ver com isso.
- Se-sério? - perguntei soluçando.
- NÃO HAHAHA, DEUS QUER TE FODER MESMO.
- Seu palhaço idiota - respondi sem pensar e quando vi ele estava chorando.

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